Prefácio

Prefácio à 3ª edição

Esta nova edição de Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais foi cuidadosa e amplamente revista, buscando oferecer a estudantes e profissionais, além de conceitos descritivos da rica tradição da psicopatologia, os conhecimentos científicos contemporâneos mais relevantes sobre a mente humana e seus transtornos. Assim, considerando os sistemas diagnósticos de transtornos mentais da atualidade (DSM e CID), são apresentados conceitos psicopatológicos, diretrizes e critérios diagnósticos, sempre que possível, correspondentes às versões mais recentes desses sistemas. Foi consultada a recém-publicada classificação da Organização Mundial da Saúde, CID-11, além das publicações sobre tal classificação. Buscou-se, ainda, integrar conceitos e definições da nova linha de pesquisa em transtornos mentais, o chamado Research Domain Criteria (RDoC), do National Institute of Mental Health (NIMH), dos Estados Unidos.

A psicopatologia é, não se deve esquecer, uma linguagem, um idioma; e, como já assinalou o grande psicopatólogo francês Philippe E. A. Chaslin (1857-1923), uma ciência bem feita necessita de um idioma bem construído, claro, compreensível e honesto para a comunicação dos fatos clínicos.

Além da expansão e da atualização do conteúdo, foi desenvolvido, para a presente edição, um hotsite exclusivo em que o leitor pode acessar materiais complementares, como: instrumentos, escalas e modelos de histórias clínicas, que auxiliarão em sua prática clínica; textos históricos citados no livro, para os interessados em conhecer a história da psicopatologia e suas bases conceituais; um breve atlas com imagens neuroanatômicas, para ajudar os estudantes na compreensão dos conteúdos; instrumentos padronizados de avaliação psicológica e neuropsicológica, para pesquisa ou mesmo para avaliações clínicas quantificáveis (ou mais objetificáveis); além de questões para revisão dos conhecimentos adquiridos em cada capítulo e um glossário de denominações populares relacionadas a comportamentos, estados e transtornos mentais, substâncias psicoativas e psicopatologia em geral.

Não posso deixar de mencionar e agradecer a um grupo de professores, profissionais e estudantes de graduação que gentilmente contribuíram com esta nova edição, lendo criticamente as primeiras versões, apontando falhas e fazendo valiosas sugestões. O psicólogo de nosso departamento na Unicamp, Luiz Fernando L. Pegoraro, contribuiu com revisões detalhadas de vários capítulos, assim como com orientações e sugestões referentes a testes padronizados em avaliação psicológica e neuropsicológica. A psicóloga Rafaela T. Zorzanelli, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), leu e fez valiosas sugestões sobre os capítulos e pontos de interface entre psicopatologia e epistemologia, filosofia e antropologia médica. Lucas F. B. Mella e Luiz Fernando Lima e Silva, psiquiatras de idosos da Unicamp, revisaram cuidadosamente os temas de psicopatologia do idoso.

Meu companheiro fraterno na psicopatologia, com quem busco, no dia a dia, a decifração de pacientes com transtornos mentais graves e intrigantes, Claudio E.M. Banzato, leu, comentou e revisou partes importantes do livro, sempre com olhar apurado e mente lúcida. Fez sugestões valiosíssimas, com precisão e generosidade.

Também leram os rascunhos desta edição Gabriela Jacques de Moraes Dalgalarrondo e Letícia Daher Pereira, estudantes de graduação em psicologia, e Luísa Rocco Banzato, Elisa de Carvalho Iwamoto e Rafael Daher Pereira, estudantes de medicina, devolvendo ao autor uma primeira perspectiva que estudantes de graduação terão ao ler o livro. Permitiram, assim, que eu pudesse adequar ao máximo o texto aos leitores nas diversas fases do aprendizado. O médico-residente em psiquiatria Rafael Gobbo me ajudou com sugestões no capítulo sobre sexualidade. Luísa Jacques de Moraes Dalgalarrondo contribuiu nos temas relacionados a percepção e emoção, sobretudo as não conscientes.

Minha amiga querida, psiquiatra de crianças e adolescentes e psicanalista, Eloísa Valler Celeri leu várias das partes relacionadas a infância e adolescência e a conceitos psicanalíticos, apontando falhas e fazendo sugestões valiosas.

Nosso jovem amigo/filho acadêmico e professor de psiquiatria da Unicamp, Amilton dos Santos Júnior, fez sugestões valiosas e me ajudou na pesquisa bibliográfica. A psicóloga Juliana T. Fiquer, pesquisadora da comunicação não verbal em psicopatologia, deu importante contribuição, revisando o capítulo sobre o tema (que é novo nesta edição).

As professoras de nosso departamento Renata C. S. de Azevedo, especialista em dependência química, e Ana Maria G. R. Oda, psiquiatra/historiadora da psiquiatria, fizeram correções e deram sugestões generosas e atualizadas, bem como ajudaram a encontrar artigos de grandes autores da área. Alexandre Saadeh, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, forneceu orientação, com toda sua generosidade e experiência, no campo da sexualidade humana.

Também devo assinalar minha gratidão aos demais colegas do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, que todas as terças-feiras, em nossas reuniões clínicas, discutem questões psicopatológicas e dilemas humanos referentes a pacientes com os mais diferentes quadros e dificuldades. Sou aluno e devedor dessa nossa pequena e íntima escola de psicopatologia.

Minha esposa, Mônica Jacques de Moraes, fez preciosas sugestões para a organização geral do livro, com sua visão pragmática e inteligente. Meus amigos fraternos, Neury José Botega e Mário E. Costa Pereira, me deram, como sempre, dicas e conselhos sábios. Utilizei-os na medida de minhas possibilidades.

Finalmente, agradeço a Artmed Editora pelo incentivo, paciência, apoio e compreensão na realização desta 3ª edição. As pessoas que estão à frente dessa grande editora não pouparam esforços em me ajudar com material bibliográfico e sugestões para que a edição ficasse o melhor do que podemos produzir nesta fase da vida e do conhecimento científico e humanístico disponível.

Desde a 1ª edição até esta, este livro persegue um fim, busca realizar um projeto específico e relativamente ambicioso: construir e tornar disponível uma obra formada por duas grandes correntes do conhecimento científico e humanístico sobre os transtornos mentais.

A primeira dessas duas correntes é a tradição da psicopatologia, construída de forma artesanal (e, muitas vezes, genial), com apuradíssimo método de observação e análise de dados clínicos, desenvolvida pelos grandes autores dos séculos XIX e XX, bebedores das melhores fontes da tradição filosófica e clínica. A segunda corrente é constituída pelas neurociências cognitivas modernas, possivelmente uma das mais produtivas áreas do conhecimento científico atual, com implicações crescentes para o conhecimento dos transtornos psicopatológicos. Se, ao unirmos a valiosa tradição psicopatológica com as sofisticadas neurociências modernas, foi possível ou não produzir uma obra útil e relevante, cabe apenas aos leitores decidir.

 

Prefácio à 2ª edição

Muitos cursos de graduação, sobretudo de Medicina e Psicologia, e de pósgraduação (residências de Psiquiatria e especializações em Psicologia Clínica) têm adotado este livro em todo o Brasil. Isso é motivo de estímulo e satisfação, mas implica uma grande responsabilidade, a de aperfeiçoar e manter este trabalho atualizado. Tal atualização, entretanto, não pode, de modo algum, fazê-lo perder seu caráter didático. Eis o desafio desta segunda edição.

Soube, recentemente, que este livro tem sido bem-acolhido também em Portugal. Esse país produziu brilhantes psicopatólogos como, por exemplo, Julio de Mattos (1884, 1923), muito lido no Brasil no início do século XX, até Barahona Fernandes (1966) e Fonseca (1987), assim como, contemporaneamente, Pio Abreu (1994). No contexto das tradições médicas e psicológicas de alguns países e culturas (Alemanha, França, Espanha e países da América Latina), a semiologia e a psicopatologia constituíram-se, assim como em Portugal, como uma disciplina central para a psiquiatria, a psicologia clínica e as neurociências aplicadas. Desejamos que, também nos demais países que falam o português, a psicopatologia geral continue a se desenvolver como ciência e instrumento privilegiado da clínica. Que ela permaneça e progrida como a principal disciplina de fundamentação da psiquiatria e da psicologia clínica.

Entre a primeira edição do livro e esta, surgiram alguns textos de psicopatologia em nosso meio, produzidos por autores brasileiros, que representam contribuições originais e enriquecedoras: o trabalho erudito de Francisco Martins (2005), Psicopathologia I e II; o texto didático e terminologicamente preciso de Elie Cheniaux (2005), Manual de psicopatologia; assim como obras que tratam das bases epistêmicas da psicopatologia, a saber, Psicopatologia: vertentes, diálogos (organizada por David Calderoni, 2002) e Psicopatologia hoje (organizada por João Ferreira da Silva Filho, 2006). Além disso, foi publicado recentemente, do norte-americano Daniel Carlat (2007), Entrevista psiquiátrica, livro prático e muito útil aos estudantes.

Foi necessário, nesta segunda edição, realizar uma revisão de todo o livro. Houve um cuidado particular com a atualização dos capítulos da psicopatologia mais intimamente relacionados à função cerebral e às neurociências (consciência, atenção, orientação e, em particular, memória), pois estas áreas têm apresentado rápido avanço, gerando novos conceitos que, em parte, modificam as abordagens tradicionais.

Sou grato ao professor Othon Bastos, que reviu e corrigiu pacientemente alguns erros e imprecisões que constavam na primeira edição. Além disso, gentilmente pôs à minha disposição uma obra sua manuscrita, Vocabulário psiquiátrico popular, trabalho cuidadoso de anos de entrevistas e observações com pacientes com transtornos mentais de estados do Nordeste brasileiro. Com sua autorização, pude acrescentar os vocábulos ao glossário disponível no final deste livro. Também foi incorporado ao glossário um bom número de termos e expressões populares coletados por Marcelo G. Nucci, em trabalho laboriosamente organizado em sua dissertação de mestrado sobre formulação cultural em saúde mental, realizado em um centro de saúde de um bairro periférico de Campinas.

Sou grato também ao meu querido amigo professor Cláudio E. M. Banzato, que revisou cuidadosamente o texto, atentando sobretudo para algumas imprecisões conceituais.

Quero, finalmente, expressar meus agradecimentos à diretoria da Artmed. Seu estímulo, idéias e sugestões foram fundamentais para a realização desta segunda edição, em relação tanto ao conteúdo como às soluções de editoração para tornar o livro mais prático e visualmente atraente.

 

Prefácio da 1ª edição

Por que escrever agora um texto de psicopatologia e semiologia psiquiátrica? Será que, a esta altura, não seria melhor deixar essas disciplinas para trás e nos ocuparmos de temas emergentes e, aparentemente, mais modernos? Por que insistir nelas, tão fora de moda no contexto atual? Os alunos de graduação, os residentes de psiquiatria, os iniciantes de pós-graduação precisam mesmo gastar horas e horas estudando psicopatologia? Será mesmo necessário que aprendam a fazer um exame psíquico detalhado e aprofundado?

A semiologia é a base, o pilar fundamental da atividade médica. Saber observar com cuidado, olhar e enxergar, ouvir e interpretar o que se diz, saber pensar, desenvolver um raciocínio clínico crítico e acurado são as capacidades essenciais do profissional de saúde. Na época da Internet, de um volume fabuloso (e, de fato, muito útil) de novas e sempre renovadas informações, cabe aos professores não apenas fornecer informações recentes aos alunos, mas, sobretudo, ensiná-los a observar cuidadosamente o paciente, a pensar sobre o que ouve e vê, a analisar racionalmente, com crítica, e até com uma pitada de malícia, os dados “brutos” que a clínica nos fornece.

Posto que o conhecimento nas áreas médicas renova-se em uma velocidade espantosa, faz-se necessário, atualmente, concentrarmo-nos em ensinar mais o “como” do que o conteúdo em si, mais os métodos de aquisição de conhecimento do que as novas informações. Assim, a semiologia médica e psicopatológica, bem como a psicopatologia geral, devem ser vistas como base de sustentação da formação do profissional de saúde (e, especialmente, de saúde mental).

Bons e mais aprofundados livros do que este sobre psicopatologia geral e semiologia psiquiátrica estão à disposição do leitor. A Psicopatologia geral, de Karl Jaspers (1979), primeiramente editada em 1913, é, certamente, a obra maior da psicopatologia. É “o grande tratado”, cuja força primordial é ter lançado as bases metodológicas da disciplina: bases a um só tempo clinicamente rigorosas e filosoficamente muito bem embasadas. Embora não seja, de modo algum, um texto hermético, para o estudante em fase inicial é obra relativamente difícil, não voltada diretamente para questões práticas do exame do paciente. Na esteira de Jaspers, temos a Psicopatologia clínica, de Kurt Schneider (1976), e a Psiquiatria, de Weitbrecht (1973).

Na França, entre as muitas obras publicadas, deve-se citar a interessante Semiologie psychiatrique, de Paul Bernard e Simone Trouvé (1977), pois se trata de um dos poucos trabalhos que dá ênfase à psicopatologia da esfera instintivo-pulsional, como o comportamento alimentar e o sexual, o sono e a experiência corporal. Os trabalhos de Henri Ey (1950, 1973, 1976), propondo uma visão unicista em seu “organodinamismo” e a abordagem fenomenológico-existencial de Eugène Minkowiski (1966, 1973), que coloca no centro da psicopatologia o tempo e o espaço vivido, são com certeza obrigatórios para um estudo psicopatológico aprofundado.

No contexto anglo-saxão, Andrew Sims (1995) publicou recentemente o excelente livro Symptoms in the mind, o qual abrange os principais tópicos da psicopatologia geral. Nos EUA, desde o famoso trabalho de Sullivan (1954), uma produção específica de trabalhos sobre o que se convencionou chamar de “a entrevista psiquiátrica” (MacKinnon e Michels, 1987; MacKinnon e Yudofsky, 1988; Othmer e Othmer, 1994) representam, em um certo sentido, uma contribuição valiosa à semiologia psiquiátrica. O extenso tratado de Kaplan & Sadock (1995), apesar de não reservar grande espaço para a semiologia psiquiátrica e para a psicopatologia geral, é de muita utilidade por suas variadas descrições clínicas e ricas informações epidemiológicas e neurobiológicas dos diversos transtornos mentais. Como descrição pormenorizada de síndromes psicopatológicas raras, vale citar a obra de Enoch e Trethowan (1979).

Os espanhóis Mira y Lopez (1943), Vallejo Nájera (1944), López Ibor (1970), Carmelo Monedero (1973) e Alonso Fernandes (1977) produziram obras psicopatológicas do mais alto nível, consubstanciando um importante desenvolvimento (e, em alguns temas, um aprofundamento) à psicopatologia de línguas alemã e francesa. Na América hispânica temos, pelo menos, duas obras memoráveis: o Curso de psiquiatria (volume 1), do professor peruano Honorio Delgado (1969), e Semiología y psicopatología de los processos de la esfera intelectual, do argentino Carlos R. Pereyra (1973).

Em nosso meio, textos valiosos e aprofundados foram produzidos. O livro de Augusto Luiz Nobre de Melo (1979) deve ser destacado pela sua erudição, escrita elegante e, sobretudo, pela abrangência e profundidade de alguns capítulos. É, entretanto, um pouco difícil para o aluno iniciante, que pode atrapalhar-se com o estilo de Nobre de Melo, às vezes rebuscado. O Curso de psicopatologia, de Isaías Paim (1993), é outra obra de valor. Mais enxuta que a anterior, é um texto conceitualmente bastante rigoroso, permanecendo como importante fonte de consulta. Contudo, Paim utiliza uma terminologia antiga e, eventualmente, pouco acessível ao aluno iniciante.

Embora não sejam tratados completos de psicopatologia, o livro de Leme Lopes (1980), Diagnóstico em psiquiatria, assim como o Conceito de psicopatologia, de Sonnenreich e Bassitt (1979), representam importantes contribuições à delimitação do campo psicopatologógico. Um trabalho bastante didático, de orientação neuropsiquiátrica, é Para compreender a psicopatologia geral, de R.J.Cabral (1982), de Belo Horizonte. Mais recentemente, Luiz Salvador de Miranda Sá Junior (1988), de Campo Grande, e Cláudio Lyra Bastos (1997), de Niterói, publicaram dois excelentes textos didáticos de psicopatologia e semiologia psiquiátrica.

A psicopatologia tem uma complexa e elaborada tradição histórica, de difícil acesso ao estudante. Os magníficos trabalhos de German Berrios (1996), The history of mental symptoms e A history of clinical psychiatry, assim como a bem feita revisão de Paim (1993), História da psicopatologia, podem servir de auxílio na recuperação dessa rica tradição de conhecimentos.

O presente texto tem algumas especificidades em relação às obras supramencionadas. Tem por objetivo ser didático, claro, acessível ao aluno de graduação e ao residente que se inicia na arte. Sem transgredir demais o rigor conceitual necessário, quer ser, a um só tempo, um texto de utilidade prática para o estudante que precisa aprender a examinar acuradamente o paciente e uma fonte introdutória de reflexão em relação ao conhecimento psicopatológico.

Ao invés de ser um trabalho doutrinário, representante desta ou daquela escola, este texto busca a integração de importantes áreas e conhecimentos psicopatológicos. Assim, procurei apresentar conceitos da psicopatologia médica clássica, da psicopatologia fenomenológico-existencial e da psicanalítica. Da mesma forma, esforcei-me por trazer ao aluno alguns dados fundamentais de neurociências e da neuropsicologia moderna, principalmente daquilo que, a meu ver, enriquece sobremaneira a psicopatologia.

Sem desconhecer os riscos de um “ecletismo selvagem”, optei por recusar alternativas essencialmente (e, sobretudo, exclusivamente) “biológicas”, “cognitivocomportamentais”, “psicanalíticas” ou “socioculturais”. Busquei, antes, recolher e aproveitar o que há de esclarecedor e útil nessas diversas abordagens. Reconhecendo as especificidades epistemológicas de cada concepção, bem como a complexidade e a assimetria das relações interdisciplinares, não considero as diferentes teorias como “fechadas” e “acabadas”, nem aceito qualquer pretensão “ditatorial” desta ou daquela corrente. A psicopatologia, campo dos mais complexos, exige uma atitude aberta, despreconceituosa e multidisciplinar.

Cabe salientar que, na maior parte dos capítulos, acrescentei um item denominado “semiotécnica”, o qual visa a fornecer ao estudante, iniciante na prática psicopatológica, “questões formuladas”, testes, escalas, técnicas de exame, que facilitem e enriqueçam a avaliação dos diferentes quadros clínicos. Obviamente, faz parte do “espírito” da psicopatologia e da semiologia psicopatológica que tais ferramentas sejam utilizadas de forma flexível, de modo a enriquecer a avaliação e não aprisioná-la a um instrumento asfixiante. A escolha das “questões” e dos testes baseou-se, além de em minha experiência pessoal, nos livros de Vallejo Nágera (1944), de Andreasen e Black (1991) e de Othmer e Othmer (1994). Os testes sugeridos (para atenção, memória, inteligência, etc.), simplificados na maior parte, devem ser usados com certa cautela e interpretados dentro do contexto clínico, já que para muitos deles não dispomos nem da validação nacional nem de resultados normativos para a população brasileira.

Finalmente, merece uma palavra o uso que fiz, talvez um tanto abusivo, de poemas, citações e trechos literários. O lugar estrategicamente fundamental da arte como fonte de conhecimento psicopatológico já foi vislumbrado e bem descrito por Freud:

Poetas e romancistas são nossos preciosos aliados, e seu testemunho deve ser altamente estimado, pois eles conhecem muitas coisas entre o céu e a terra com que nossa sabedoria escolar não poderia ainda sonhar. Nossos mestres conhecem a psique porque se abeberaram em fontes que nós, homens comuns, ainda não tornamos acessíveis à ciência.
Freud – (O delírio e os sonhos na Gradiva de Jensen, 1906)

Assim, aproprio-me da formulação freudiana, reconhecendo que o artista percebe antes e mais profundamente do que o cientista; este último organiza melhor, cria sistemas, hierarquias, enfim, “arma” uma lógica para a natureza. Mas é do grande artista o privilégio da percepção mais fina, mais profunda e contundente, daquilo que se passa no interior do homem, suas misérias e grandezas.

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